Sonho manifesto

Sidarta Ribeiro, neurocientista, biólogo, colunista, professor na UFRN e autor do hit “O oráculo da noite” (que baixei no Kindle mas ainda não li), prova, com esse seu “Manifesto sobre a necessidade de sonhar” (Companhia das Letras, 2022), que, além de tudo, ele é também um incansável pensador da contemporaneidade.

Curto e singelo, utópico porque não poderia ser de outra maneira, o manifesto tem um tom inconfundível de exortação. Ribeiro afirma que é urgente que a humanidade aprenda com a ancestralidade que sobreviveu em nós, com o acúmulo de saberes humanos, a sonhar um futuro que compreenda uma visão integrada do planeta Terra em toda a sua diversidade de espécies. “A maravilhosa boa nova é a prosaica viabilidade técnica do bem-estar geral”, ou seja: temos meios para fazer o sonho se tornar real. Precisamos da vontade.

Alcançamos uma capacidade de produção que poderia garantir conforto aos 8 bilhões de pessoas no mundo, mas nos perdemos no caminho. Não sabemos mais sonhar um mundo sem tralhas. “A atrofia da capacidade de sonhar reflete o sequestro do desejo pela relação desmedida com as mercadorias”. A questão é: sonhar é preciso. Se não imaginarmos um futuro diferente, o resultado é certo: morreremos. Nas palavras inequívocas de Ribeiro: “A depender do que fizerem as gerações que compartilham este momento crucial da experiência consciente na superfície do planeta Terra, o futuro será demoníaco e pavoroso – ou divino e maravilhoso”.

Sou cientista social e antropóloga formada pela Unicamp. Sou pós-graduada em Gestão Escolar pela USP-Esalq e sou professora/coordenadora em uma escola internacional. Tenho muitas paixões, de caderninhos de anotações a corrida de rua, de Jorge Luis Borges a RuPaul's Drag Race, de Iga Swiatek a água com gás. Sou autora de Quarto mapa (2021) e Hi-fi da tarde e haicais noturnos (2023).

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