O encontro marcado

Apenas para dar uma ideia da relevância deste livro publicado originalmente em 1956: esta foto é da 60ª edição, impressa em 1991. Livro de estreia de Fernando Sabino, O encontro marcado continua sendo, com perdão do trocadilho, um marco na literatura brasileira. E a história de Eduardo Marciano segue ecoando: a Record tem impresso a 98ª edição.

Fiz questão de achar um Fernando Sabino usado nesta minha primeira vez em Belo Horizonte, e não poderia ter sido mais sortuda. No fundo de um dos sebos do extraordinário edifício Maletta, encontrei essa cópia linda, amarelada na medida certa, sem rabiscos, capa impecável, esperando por mim. Na página 175, os personagens descem a Rua da Bahia – exatamente a rua do Maletta. Adoro essas coincidências.

Tudo bem que não é uma coincidência tão grande assim, já que esta foi uma releitura e eu sabia que a história se passava, em grande parte, na capital mineira. Mas, como não me lembrava dos detalhes (lá se vão mais de vinte anos desde que li O encontro marcado pela primeira vez), me pareceu uma coincidência legal.

Releituras sempre me dão um certo medo. Será que o livro envelheceu bem? Rubem Fonseca, por exemplo, que durante um período na adolescência foi um dos meus preferidos, não sobreviveu ao teste do tempo. No Fernando Sabino notei umas coisinhas que denunciam sua condição de homem branco da classe média do século passado, e acho que algumas coisas certamente não seriam botadas no papel caso ele estivesse escrevendo hoje, mas o saldo foi positivo. Senti uma nostalgia boa e terminei o livro em dois tapas. O estilo leve e fluido de Sabino, que tanto colaborou para dar forma à moderna literatura brasileira, segue sendo uma das melhores coisas que já produzimos.

Sou cientista social e antropóloga formada pela Unicamp. Sou pós-graduada em Gestão Escolar pela USP-Esalq e sou professora/coordenadora em uma escola internacional. Tenho muitas paixões, de caderninhos de anotações a corrida de rua, de Jorge Luis Borges a RuPaul's Drag Race, de Iga Swiatek a água com gás. Sou autora de Quarto mapa (2021) e Hi-fi da tarde e haicais noturnos (2023).

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