Conheci George Eliot no primeiro ano da faculdade, numa disciplina de romances do século XIX, com foco na circulação transatlântica de impressos (saudades iel, unicamp <3). A proposta da disciplina era que, ao longo do semestre, cada grupo ficaria responsável por um/a autor/a dessa época e a cada semana pesquisaríamos um aspecto de sua vida e obra usando recursos diferentes. Foi nessa disciplina que me familiarizei com as bibliotecas da universidade, aprendi a usar a Hemeroteca Digital (amo! inclusive, muitos babados sobre a George Eliot nas páginas de fofocas inglesas e brasileiras), e até me aventurei com o Illustrator para produzir um dossiê lindão com o meu grupo. Tudo isso para dizer que George Eliot e Middlemarch – que eu terminei de ler num dia às 7:46, para apresentar o trabalho na aula das 8:00 – têm um lugar especial no meu coração.
Corta pra agora, quando finalmente li outra obra de George Eliot: Silas Marner – o tecelão de Raveloe (1861), seu quarto livro. Tecelões são considerados seres bizarros e de hábitos excêntricos por todas as pessoas de boa índole nas pequenas vilas inglesas, portanto, os tecelões desenvolviam hábitos solitários e colocavam toda sua energia em seu trabalho. Na primeira parte de sua vida, Silas Marner vivia em uma pequena comunidade onde era conhecido, frequentava a igreja, e era fiel à religião e a seus amigos. No entanto, ao ser traído por uma das pessoas em quem mais confiava e ser acusado de um crime que não cometeu, nosso tecelão se viu obrigado a sair de sua comunidade e se aventurar em Raveloe. Na sua nova vila, Marner adquiriu os hábitos solitários intrínsecos à sua profissão. Com toda sua dedicação ao trabalho, Marner começou a prosperar, e ao ver pilhas e pilhas de moedas em sua casa, se tornou um homem ganancioso; e sua razão de vida era poder chegar ao fim do dia, contar e admirar seu dinheiro, até que ele foi roubado…
A escritora que atinge seu auge em Middlemarch já se mostra em Silas Marner. Eliot desenvolve um enredo envolvente (apesar de sabemos quem cometeu os crimes, queremos saber se serão descobertos) e narra de maneira sóbria, sutil (é um exemplar perfeito em forma do romance do XIX) e engraçada as transformações do tecelão ermitão e da comunidade de Raveloe.
Para ler mais sobre George Eliot, veja o nosso dossiê: