Guga – Um brasileiro (Sextante, 2014) é uma biografia que explora a vida e a carreira de Gustavo Kuerten, nosso eterno Guga, o único brasileiro a ganhar Roland Garros três vezes e a ficar 43 semanas como número 1 do ranking da ATP.
Baseado em entrevistas conduzidas por Luiz Paulo Montes, o livro permite que o próprio Guga narre sua história de maneira íntima e direta, desde sua infância em Florianópolis até a consagração no topo do tênis mundial. Com uma narrativa envolvente e despretensiosa, o livro revela não apenas as conquistas de Guga nas quadras, mas também os desafios, incluindo lesões e perdas pessoais, e como ele superou cada obstáculo. Me emocionei nos capítulos em que Guga fala sobre seu pai e seu irmão Guilherme (da mesma maneira que me emocionei na minissérie lançada este ano, disponível no Disney+).
Outro aspecto interessante da biografia é a intercalação de momentos decisivos da carreira de Guga com passagens de sua biografia. Esse simples truque estrutural permite uma leitura dinâmica irresistível, onde a emoção das quadras se mescla com desafios e conquistas pessoais. Além disso, é fascinante ter acesso ao psicológico de Guga em momentos críticos das partidas. O tênis é altamente mental; o acesso aos bastidores emocionais dos grandes momentos e grandes pontos da carreira de um dos maiores tenistas da história certamente enriquece nossa percepção do esporte.
No entanto, é lamentável observar como, no Brasil, frequentemente não valorizamos nossos ídolos do esporte (com a óbvia exceção dos regiamente remunerados jogadores de futebol). Guga – Um brasileiro está fora de impressão há anos. Para conseguir uma cópia, precisei recorrer a uma edição usada na Estante Virtual, o que reflete o descaso com a memória de grandes atletas. Ícones como Guga merecem ser constantemente celebrados, e suas histórias, preservadas e acessíveis para novas gerações.