As 5 melhores coisas em Stranger Things 3 (e uma coisa ruim)

(CONTÉM SPOILERS)

5) O monstrão que parece uma cruza de tarântula gigante com Alien – O oitavo passageiro, ganhou roupagem nova (o que equivale a dizer que agora os CGI são mais caros) e parece que virou adulto (apesar de eu não entender muito bem como a Eleven transformou um dos monstros em cinzas no final de Stranger Things 1 e agora não importa em quantas partes você fatie o bicho, ele se reaglutina e vira um negócio maior ainda). Não sei se gostei muito do exército zumbi liderado pelo Billy, mas entendo que isso faz parte de toda uma tradição do terror que eles não iam deixar passar em branco. 

4) Dustin volta do acampamento de verão com uma namorada (long distance, já que ela mora em Salt Lake City) e, além de nerd (ela sabe a constante de Planck de cabeça e acha um absurdo que Dustin não saiba) e cantorinha (aquele dueto do final do mundo foi inesperado, mas fofo), ela é realmente mais bonitinha que a tal da Phoebe Cates. Apesar de eu não ter gostado muito de toda a beijação entre Mike e Eleven (fiquei meio Hopper, adulta preocupada), a verdade é que adolescentes estão sempre fazendo suas descobertas e Stranger Things não ignora isso pra ser politicamente correto. 

3) A Robin saindo do armário pro Steve, depois que ele se declara pra ela no banheiro, e os dois virando melhores amigos. O jeito como ela diz pra ele que, se ele a conhecesse, nem ia querer ser seu amigo, só denuncia o jeito como ser gay trinta anos atrás era ainda mais perigoso. Todo o rolê Robin é muito legal: ela é super independente e quebra os estereótipos de loirinha fútil que somos obrigados a engolir com frequência. (Aliás, toda a denúncia feminista é muito legal: os editores escrotos do Hawkins Post são apenas uma amostra do tipo de situação que as mulheres ainda têm que enfrentar em seus ambientes de trabalho.)

2) O elenco tem uma química excepcional e é por isso que Stranger Things virou a febre que é. Não é pelos monstros sobrenaturais, pelas sequências de ação na maioria das vezes previsíveis ou pela trama meio Lost light, mas pelas crianças excepcionalmente carismáticas e seu entrosamento. Millie Bobby Brown é uma fofa (e é uma pessoa bonita na fase mais esteticamente prejudicada dos seres humanos, que vai aí de uns 11 a uns 15 anos de idade), uma atriz intuitiva que provavelmente vai decolar uma carreira consistente se fizer as escolhas certas nos próximos anos. Winona Ryder é muito mais do que Joyce Byers gritando “WILL?” pelos bosques de Indiana e conta com David Harbour para formar nossa dupla de protagonistas adultos, por quem não é difícil torcer. 

1) A vibe retrô continua sendo a melhor coisa da série. Dos cortes de cabelo à trilha sonora, do design das embalagens dos produtos aos cortes das camisonas estampadas, dos carros aos toca-fitas: o visual anos 80 é a parte mais especial de Stranger Things, que encabeça o movimento pop que traz toda essa década ao território das “produções de época”. Podemos achar uma variedade imensa de produtos retrô sendo comercializados e apenas torcemos, sinceramente, para que certos cabelos não voltem à moda.

Uma coisa ruim: sério que essa não foi a última temporada? Na cena final depois dos créditos vemos mais uma leva de comunistas soviéticos loucos criando um cão alienígena, e os produtores já confirmaram uma quarta temporada (que, segundo boatos, pode já estar gravada – porque a criançada está crescendo a olhos vistos). E é claro que queremos mais temporadas com essa galerinha, mas é que a trama parece estar se esgotando (quantas vezes mais eles vão abrir e fechar o portal?) e esperamos sinceramente que eles não estejam planejando encerrar a série com uma quinta temporada cancelada. 


Obs.: Hopper provavelmente não está morto. Vocês também repararam nos soviéticos se referindo a um prisioneiro americano na cena final? Isso não pode ser coincidência.

Sou cientista social e antropóloga formada pela Unicamp. Sou pós-graduada em Gestão Escolar pela USP-Esalq e sou professora/coordenadora em uma escola internacional. Tenho muitas paixões, de caderninhos de anotações a corrida de rua, de Jorge Luis Borges a RuPaul's Drag Race, de Iga Swiatek a água com gás. Sou autora de Quarto mapa (2021) e Hi-fi da tarde e haicais noturnos (2023).

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